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Seguro paramétrico: como funciona e quando é mais vantajoso

Por: Bruna Goulart |Especialista em Seguro Rural


Em um setor cada vez mais exposto à volatilidade climática, a gestão eficiente de riscos é uma necessidade estratégica, não apenas um diferencial. Nesse contexto, o seguro paramétrico surge como uma alternativa inovadora ao seguro agrícola tradicional, oferecendo agilidade e objetividade em casos de perdas climáticas. Mas afinal, como funciona esse modelo e em que situações ele se mostra mais vantajoso?


Imagem gerada por IA
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O que é seguro paramétrico?


O seguro paramétrico é um modelo de seguro agrícola no qual a indenização não depende diretamente da medição de perdas na lavoura, mas sim do comportamento de um índice pré-definido, geralmente relacionado a fatores climáticos como:


  • Chuvas acumuladas (mm)

  • Temperatura média (°C)

  • Radiação solar ou velocidade do vento

  • Índices combinados de seca (ex.: NDVI, SPI)


Assim, se o parâmetro climático atingir ou ultrapassar o gatilho estabelecido no contrato, o pagamento da indenização é feito automaticamente, independentemente da verificação física do dano na propriedade.


Como funciona na prática?


  1. Escolha do índice paramétrico: definido em contrato (ex.: menos de 250 mm de chuva acumulada entre novembro e janeiro).

  2. Definição do gatilho de pagamento: exemplo: se a chuva ficar abaixo de 250 mm, o produtor recebe indenização total; entre 250 mm e 350 mm, pagamento proporcional.

  3. Monitoramento dos dados climáticos: utiliza fontes confiáveis como INMET, satélites ou estações meteorológicas homologadas.

  4. Pagamento automático: quando o parâmetro é atingido, a seguradora efetua a indenização sem necessidade de perícia individual.


Principais vantagens do seguro paramétrico:


  • Agilidade no pagamento: não depende de vistorias demoradas no campo. Se o índice atingir o gatilho, o pagamento é liberado rapidamente, o que melhora o fluxo de caixa em anos críticos.

  • Custos operacionais reduzidos: por não exigir perícia individual em cada área segurada, tem menor custo administrativo.

  • Cobertura de riscos difíceis de mensurar diretamente: ex: seca prolongada ou estresse hídrico que causam perda de potencial produtivo sem destruição visível.

  • Transparência e objetividade: baseado em dados de fontes oficiais pré-acordadas, evitando discussões sobre laudos ou interpretações de peritos.


Desvantagens e limitações


  • Risco de Base (basis risk): o produtor pode ter perda na propriedade mesmo que o índice não atinja o gatilho (ex.: chuvas irregulares na fazenda mas volume médio na região suficiente para não pagar indenização).

  • Exige conhecimento técnico na contratação: é fundamental escolher corretamente o índice, o período de cobertura e os gatilhos, pois um erro pode inviabilizar o recebimento mesmo com perdas reais.


Quando o seguro paramétrico é mais vantajoso?


1. Culturas em regiões com alta variabilidade climática local

Por exemplo, áreas do Matopiba e do semiárido nordestino, onde eventos de seca ou excesso de chuvas têm impacto previsível, mas difícil de mensurar em cada talhão.

2. Para complementar o seguro agrícola tradicional

Produtores podem usar o seguro paramétrico como cobertura adicional, principalmente em riscos não cobertos pelo multirrisco ou para cobrir baixos níveis de coberturas.

3. Operações de cooperativas, tradings ou fundos agro

Ideal para proteger grandes carteiras de risco climático, em que a agilidade do pagamento e a padronização contratual trazem eficiência operacional e financeira.


O seguro paramétrico é uma solução inovadora que vem ganhando força nas discussões no Brasil, impulsionada principalmente pelo avanço das tecnologias de monitoramento remoto e pela crescente digitalização no agro. Apesar disso, o cenário ainda apresenta desafios significativos, como destacou recentemente Daniel Miquelluti – engenheiro agrônomo, especialista em seguro paramétrico, mestre em Estatística Experimental e doutor em Economia Aplicada, em artigo publicado sobre o tema:


"Apesar de o seguro paramétrico já operar dentro das regras da SUSEP e do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), sua adoção ainda é marginal. Os produtos existentes representam uma fatia ínfima de um mercado que já é pequeno, menos de 20% da produção agropecuária nacional é segurada. E isso não ocorre por falta de interesse, mas por ausência de um ecossistema funcional. A escassez de sensores calibrados, a baixa penetração digital no campo e a dificuldade de comunicação entre os modelos atuariais e os produtores explicam a resistência. Enquanto o índice for percebido como uma “caixa-preta”, o agricultor continuará apostando na chuva ou no seguro tradicional.
Além disso, o modelo atual de distribuição ainda está mal ajustado à realidade do agro. Faltam corretores capacitados para traduzir o funcionamento dos índices em uma linguagem compreensível ao produtor. O campo não funciona no tempo da inovação, mas sim no ritmo das safras, e nenhuma tecnologia será bem-sucedida se não dialogar com quem lida diariamente com o solo, o clima e o mercado. A ausência de diretrizes regulatórias claras e de incentivos consistentes também afasta o capital segurador, que enxerga o produto como um experimento, não como política de Estado."

Conclusão Prática


Para produtores e consultores, entender o seguro paramétrico amplia as estratégias de gestão de riscos e garante maior estabilidade financeira frente às incertezas climáticas inerentes à produção rural. Seu grande diferencial está na objetividade dos critérios e na agilidade de pagamento, proporcionando liquidez imediata em momentos críticos para o caixa do produtor.


No entanto, é essencial ter clareza de que ele não elimina todos os riscos. O basis risk exige atenção máxima: mesmo que a propriedade sofra perdas, se o gatilho climático não for acionado, o pagamento não ocorrerá. Por isso, a principal reflexão antes de contratar é: este índice realmente representa minha realidade produtiva e climática?


Em um setor tão imprevisível como o agro, essa resposta raramente é simples. Mas produtores e consultores que compreendem o funcionamento do seguro paramétrico, seus limites e potencial, conseguem transformá-lo em uma ferramenta poderosa de planejamento financeiro, e não apenas em um custo adicional.


As seguradoras, por sua vez, seguem estruturando produtos mais aderentes à realidade brasileira. Muitas já conduzem pilotos regionais para validar índices climáticos e melhorar a qualidade dos dados, utilizando estações meteorológicas privadas, satélites e parcerias com agtechs. O grande desafio está em alinhar a complexidade técnica do produto à simplicidade necessária para a decisão no campo, além de construir confiança e credibilidade que ampliem sua aceitação no mercado brasileiro.


Na sua opinião, o seguro paramétrico é:

  • 0%Uma alternativa viável ao seguro tradicional.

  • 0%Apenas um complemento.

  • 0%Ainda não é aplicável à minha realidade nacional.

  • 0%Não conheço sobre essa modalidade.


Na sua visão, qual é o maior obstáculo para o avanço do seguro paramétrico no Brasil?

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