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Recuperação judicial no agro: o cenário preocupa, o clima pesa, o seguro rural se torna essencial

Endividamento crescente e perdas climáticas mostram que a ausência de seguro robusto acentua a vulnerabilidade do setor.



Imagem ilustrativa gerada por IA
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Um salto expressivo nos pedidos de recuperação judicial


Nos últimos anos, o instrumento da recuperação judicial (RJ) passou a ser usado com mais frequência por produtores e empresas do agronegócio, não apenas como último recurso, mas como parte de uma estratégia para preservar a atividade diante de crises.

  • Em 2024, o número de pedidos superou 1.272, mais do que o dobro dos 534 registrados em 2023;

  • No segundo trimestre de 2025, foram 565 solicitações, uma alta de 31,7% em relação ao mesmo período de 2024 (429);

  • No primeiro trimestre de 2025, o total havia sido 389 pedidos, representando um aumento de 44,6% frente ao mesmo período de 2024;

Segundo dados de 2025, produtores rurais pessoa física lideraram o crescimento na busca por recuperação, com destaque para aqueles que vivem de arrendamento ou não têm posse formal de terra. Apesar desses dados alarmantes, nem sempre o número de pedidos segue crescendo: no terceiro trimestre de 2024, por exemplo, houve uma queda de 40,7% em relação ao trimestre anterior. Isso sugere que o uso da recuperação judicial depende de uma combinação de fatores conjunturais.
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Mesmo assim, o fato de o agronegócio representar uma parte crescente dos pedidos de RJ causa preocupação: no quarto trimestre de 2024, cerca de 6,5% das empresas em recuperação judicial no país pertenciam ao setor agropecuário.


A influência do clima adverso e outros fatores de pressão

Embora a pressão financeira de juros altos, aumento de custos (insumos, fertilizantes, crédito) e desvalorização cambial sejam fatores relevantes no endividamento, há consenso: o clima adverso desempenha papel central nas dificuldades do produtor:

  • Em 2024, grandes perdas em safras, por causa de secas em regiões como Goiás e Mato Grosso, e enchentes em áreas do Sul, foram apontadas como causa direta para várias recuperações judiciais;

  • Especialistas destacam que eventos climáticos extremos, como seca, excesso de chuvas, geadas e outras intempéries, figuram entre os principais fatores que comprometem a capacidade de pagamento dos produtores, frequentemente os conduzindo à insolvência;

Apesar da relevância evidente do clima, ainda não existe um estudo público e metodologicamente robusto que apresente um percentual consolidado capaz de afirmar: “X% das recuperações judiciais no agronegócio têm o clima como principal causa”


Por que não há um percentual definitivo?


  • Natureza dos pedidos: petições de recuperação judicial misturam várias causas, endividamento, crédito caro, custos, preços das commodities, e efeitos climáticos. Processos tipicamente listam múltiplas causas, tornando difícil classificar apenas uma como “principal” sem regras claras.


  • Falta de codificação padronizada: bases públicas (tribunais, Monitor RGF, Serasa) registram volume e alguns atributos setoriais, mas não têm, em geral, um campo padronizado “motivo principal: seca/enchente/etc.” que permita agregação direta.


Por fim, vale destacar que dados recentes sobre a inadimplência no crédito rural brasileiro indicam que variáveis como preços de cereais, custos de insumos (especialmente fertilizantes), câmbio e juros exercem influência decisiva sobre a capacidade de pagamento dos produtores. Nesse contexto, a recuperação judicial surge como uma válvula de escape, embora represente uma medida extrema que evidencia fragilidades estruturais ainda presentes no agronegócio brasileiro.


Seguro rural: uma proteção ainda insuficiente, mas vital

Diante da combinação de clima imprevisível, risco de quebra de safra e pressão financeira, o seguro rural aparece como uma ferramenta essencial para garantir a resiliência do produtor. No entanto, apesar de sua importância, a cobertura ainda é muito limitada:

  • Menos de 14% da área cultivada no país está protegida por seguro rural;

  • Dados recentes apontam que, em 2025, a área segurada pelo seguro rural equivale a apenas cerca de 2,3% da área plantada nacional;

  • A retração ocorre em parte porque houve cortes orçamentários no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR): em 2025, o orçamento previsto de cerca de R$ 1,06 bilhão teve contingenciamento de R$ 445 milhões, o que limita fortemente a subvenção e, consequentemente, o acesso dos produtores;

Apesar do cenário adverso, o seguro rural ainda cumpre um papel estratégico fundamental:

  • Em momentos de eventos climáticos extremos, o seguro pode evitar que perdas na safra se convertam em dívidas impagáveis e pedidos de recuperação judicial;

  • Permite ao produtor planejar com mais segurança, sabendo que existe uma rede de proteção;

  • Protege não só o agricultor, mas também credores, investidores e toda a cadeia do agronegócio, reduzindo riscos sistêmicos;


Por que o contexto atual exige uma nova cultura de gestão de risco no agro

O crescimento acelerado dos pedidos de recuperação judicial no agro, aliado à volatilidade climática e à fragilidade da cobertura, quando existe, revela a necessidade urgente de repensar o gerenciamento de risco no campo. Entre as medidas que devem ganhar prioridade:

  • Ampliação e fortalecimento do seguro rural, com maior oferta, melhor adaptação regional e estímulos para adesão mais ampla;

  • Políticas públicas que garantam orçamento estável para o programa de subvenção (PSR), sem cortes abruptos que coloquem produtores em risco;

  • Incentivo à adoção de práticas sustentáveis e adaptativas, como forma de reduzir a vulnerabilidade às variações climáticas;

  • Aperfeiçoamento da gestão financeira e planejamento de longo prazo nas propriedades, com controle de custos, análise de risco e margem de segurança para reduzir a probabilidade de insolvência;

  • Maior uso de instrumentos de hedging climático e instrumentos complementares, para dispersar riscos no mercado;

Conclusão

O atual aumento nos pedidos de recuperação judicial no agronegócio brasileiro mostra que o setor está fragilizado e que muitos produtores, diante de crises múltiplas (clima, custo, crédito, insumos), veem no Judiciário a única alternativa para manter suas operações. Porém, esse é um sintoma de um problema mais estrutural: a falta de uma cultura consolidada de gestão de risco no campo.

O seguro rural, quando bem estruturado e acessível, se apresenta como a ferramenta mais eficiente para reduzir vulnerabilidades e dar previsibilidade ao produtor. No entanto, a cobertura diminuta, a instabilidade nos subsídios públicos e outros fatores travam sua adoção em larga escala.

Para garantir a sustentabilidade do agro brasileiro, proteger a produção e evitar novas ondas de insolvência rural, é urgente um esforço conjunto de produtores, seguradoras, instituições financeiras e poder público para fortalecer o seguro rural, democratizá-lo e transformá-lo em parte do planejamento estratégico do campo.


 
 
 

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